Ser Psicólogo e Psicoterapeuta, não é o mesmo que ir ao Coach ou ao Alternativo
- Psikika

- 17 de jul.
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A Psicologia, A Psicoterapia, & O Coaching e As Terapias Alternativas
Nos últimos anos tem-se assistido a uma crescente preocupação com a saúde mental, levando um número cada vez maior de pessoas a procurar apoio psicológico. Contudo, esta valorização da saúde mental trouxe também um aumento da oferta de serviços não só na área da psicologia e da psicoterapia, mas também no coaching e nas pseudoterapias, o que pode, pelo contrário, representar um perigo. De forma a escolher qual o profissional indicado, durante a procura de apoio psicológico, é necessário compreender as diferenças entre psicologia, psicoterapia, coaching e as chamadas pseudoterapias.

A Psicologia é a ciência que se dedica ao estudo da mente e do comportamento humanos, como tal, os pensamentos, emoções e comportamentos constituem, o principal campo de intervenção dos psicólogos. A prática profissional inclui competências como a avaliação psicológica, a intervenção individual, conjugal, familiar ou de grupo e atividades técnico-científicas de promoção e prevenção em contextos que envolvem indivíduos, grupos, organizações e comunidades. Para exercer a profissão de psicólogo em Portugal, é obrigatória a inscrição na Ordem dos Psicólogos Portugueses, sendo o exercício da atividade regulado por um código Deontológico que estabelece os princípios éticos e as normas de conduta que orientam a prática profissional.
Por sua vez, a Psicoterapia é uma intervenção psicológica especializada que recorre a técnicas e procedimentos sustentados por evidência científica e fundamentados em princípios da psicologia, exigindo formação específica. A intervenção psicoterapêutica constitui um ato próprio dos psicólogos, embora possa igualmente ser realizada por outros profissionais de saúde, nomeadamente médicos psiquiatras ou pedospiquiatras.

O Coaching é uma área que procura potenciar o desempenho e o desenvolvimento dos indivíduos, facilitando a aprendizagem e a aquisição de novas competências. Ao contrário da Psicologia e da Psicoterapia, em Portugal a atividade de Coaching não é regulamentada por lei, pelo que não é exigido qualquer diploma específico para o seu exercício. Existem diversas formações e certificações internacionais nesta área, mas a sua qualidade e duração variam, permitindo que qualquer pessoa se possa intitular de Coach. Apesar da falta de regulação, a Ordem dos Psicólogos Portugueses defende que o coaching é de natureza psicológica e, como tal, deve ser considerado um ato da Psicologia. Importa ainda salientar, que esta não é uma área indicada para a intervenção relacionada com perturbações psicológicas.
No que se refere às pseudoterapias ou Terapias Alternativas, são práticas pouco convencionais, cuja evidência científica é escassa, não tendo sido provadas como seguras ou eficazes. De forma semelhante ao Coaching, estas práticas não são regulamentadas por lei em Portugal, pelo que qualquer pessoa as pode exercer. Adicionalmente, a inexistência de regulação legal leva à dificuldade de responsabilidade de casos de más práticas.

Deste modo, quando alguém atravessa um período de sofrimento emocional, é crucial ponderar cuidadosamente a quem deve recorrer. Muitas vezes, a escolha de profissionais que se autointitulam de “Coachs” ou “terapeutas”, sem formação reconhecida podem, não só falhar em aliviar o sofrimento, como também agravá-lo ao aplicar métodos sem base científica ou ao dificultar o acesso a outros cuidados adequados. A ausência de conhecimentos sobre psicologia faz com que sinais de alerta, como por exemplo, de depressão, ansiedade ou ideação suicida, passem despercebidos, adiando intervenções eficazes e colocando em perigo os indivíduos. Além disso, práticas não validadas podem criar falsas expectativas, promover a dependência ou conduzir a conselhos perigosos, como abandonar medicação prescrita.

No momento de escolher o profissional de saúde mental, é preciso ter em atenção os seguintes fatores:
- Confirmar a cédula profissional: os psicólogos inscritos na OPP têm um número de cédula que pode ser verificado.
- Clarificar os motivos e expectativas: refletir sobre o que se pretende e partilhar esses objetivos na primeira consulta poderá ser importante no tipo de intervenção.
- Desconfiar de tratamentos rápidos e milagrosos: o processo terapêutico é demorado, e tanto as mudanças pretendidas quanto o alívio do sofrimento exigem tempo.
- Pedir referências ou recomendações: procurar recomendações de profissionais de saúde, como o médico de família ou um psiquiatra. Se isso não for possível, deve recorrer-se a opiniões de pessoas de confiança, como amigos ou familiares que tenham passado por um processo de intervenção psicológica, ou plataformas credíveis.
A intervenção em saúde mental exige profissionais credenciados, orientados por um Código Deontológico, e com ferramentas científicas validadas, para que seja possível um trabalho psicoterapêutico seguro e eficaz.

Psikikamente,
IG
Referências:
Ordem dos Psicólogos Portugueses. (2016). Coaching – Parecer OPP
Ordem dos Psicólogos Portugueses. (2018). Orientações para as especialidades:
Processo de equiparação – Coaching Psicológico.
Ordem dos Psicólogos Portugueses. (2024). Parecer OPP – Psicoterapia.




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