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Infertil-idade - O impacto psicológico da infertilidade


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A infertilidade define-se como a incapacidade de alcançar uma gravidez clínica após 12 ou mais meses de relações desprotegidas. Esta pode ser categorizada como primária, quando nunca ocorreu uma gravidez clínica, ou secundária, quando a dificuldade em engravidar surge após uma gravidez anterior.


Os fatores que podem estar relacionados com a infertilidade feminina e masculina, são o declínio da idade reprodutiva, mais associado às mulheres, a presença de doenças que podem ou não estar relacionadas com os órgãos reprodutores e os hábitos de vida, como o tabagismo, consumo de substâncias e o stress do dia-a-dia.


Apesar de a infertilidade ser tratada como uma condição médica, esta tem um elevado impacto psicológico que muitas vezes não é reconhecido. Para muitos casais a infertilidade torna-se um aspeto fulcral da sua vida, mesmo antes de ser feito um diagnóstico, pois a dificuldade em conceber põe em causa a noção de controlo sobre a própria reprodução, surgindo sentimentos de frustração e confusão.


O impacto psicológico parece ser mais intenso nas mulheres, não apenas devido à perceção social envolvente de que a dificuldade em engravidar está associada a um problema do corpo feminino, mas também pela convicção interiorizada de que própria falhou na sua função reprodutora. Esta vivência gera frequentemente sentimentos de culpa, inadequação e baixa auto-estima, os quais estão associados a sintomas de depressão e ansiedade, sobretudo em contextos socioculturais onde a maternidade é fortemente valorizada como componente central da identidade feminina. De forma semelhante, os homens sentem também inadequação, mas focada na culpa em negar à parceira o desejo de ser mãe.


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A dificuldade em conceber implica que muitos casais tenham de fazer escolhas decisivas face à parentalidade. Essas decisões passam por incluir a procura de ajuda médica através de tratamentos de infertilidade, a adoção ou considerar uma vida sem filhos. O recurso ao apoio médico pode ser particularmente exigente, uma vez que o próprio processo de diagnóstico representa uma fonte significativa de stress, devido à multiplicidade de exames realizados a ambos os parceiros – frequentemente percecionados como invasivos e, por vezes, humilhantes.


Para além disso, as intervenções médicas, como a utilização de medicação para induzir a ovulação ou hiperestimular os ovários, ou intervenções cirúrgicas mais invasivas como o caso da fertilização in vitro, exigem que os casais façam ajustes significativos nas suas rotinas e estilos de vida, de forma a conseguirem cumprir os cronogramas que o tratamento implica, lidar com períodos de recuperação e gerir os efeitos secundários do mesmo, como as alterações de humor, depressão, fadiga, entre outros. Neste contexto, as relações conjugais, que anteriormente simbolizavam afeto e intimidade, passam a ser orientadas por horários rígidos e expectativas centradas na conceção, o que pode comprometer o desejo sexual e afetar negativamente a satisfação conjugal e sexual. Muitas vezes, os casais optam por abandonar o processo de tratamento, não pelo custo ou prognóstico médico, mas sim pelo peso psicológico acumulado durante o processo.


Tendo em conta os aspetos anteriormente referidos, é necessário refletir sobre o papel da intervenção psicológica no acompanhamento de indivíduos com infertilidade. Esta condição, para além dos seus limites biológicos, encontra-se também profundamente ligada ao domínio psicológico. É preciso atender ao sofrimento emocional, aos sentimentos de frustração e culpa que são visíveis tanto nas mulheres como nos homens.

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Neste sentido, a psicoterapia individual, de casal ou em grupo, deve ser considerada uma fonte fundamental de apoio, desde o momento do diagnóstico. Pois, para além de contribuir para a redução de sintomas de ansiedade e depressão, promove odesenvolvimento de estratégias de gestão de stress e mecanismo de coping mais eficazes.




Diversos estudos têm demonstrado que este tipo de apoio não só melhora o bem-estar emocional dos indivíduos, como pode também aumentar a probabilidade de sucesso nos tratamentos, potenciando a ocorrência da conceção.


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Psikikamente, IG


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Tags: Infertilidade; Saúde Mental; Psicologia; Parentalidade;



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