Perturbação Obsessivo Compulsiva (POC) nas várias fazes de vida
- Psikika

 - 11 de set.
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A perturbação Obsessivo Compulsiva caracteriza-se por obsessões- são pensamentos, impulsos ou imagens, recorrentes e persistentes que são experimentados, durante algum período, como intrusivos e inapropriados, e que provocam ansiedade ou mal-estar intenso; e/ ou compulsões - são comportamentos repetitivos ou atos mentais, frequentemente chamados de rituais, realizados com o objetivo de reduzir o mal-estar implicado nos sentimentos, pensamentos e ideias desagradáveis que estão envolvidos nas obsessões.
Segundo aponta a investigação, a prevalência desta patologia tem aumentado nos últimos anos, tendo sido efetuados estudos com recurso a imagiologia (TAC,F-RMI) onde foram encontradas alterações neuroanatómicas e neurofisiológicas que podem estar associadas ao comportamento obesessivo-compulsivo.
Esta patologia revela-se em idades precoces sendo possível observar alguns sinais de alerta sendo eles:
Obsessões
receio de contaminação;
preocupações com doenças ou com o corpo;
dúvidas;
simetria;
alinhamento;
perfeição;
exatidão;
medo de magoar alguém ou si próprio;
culpa;
pensamento mágico (números especiais, datas e horários e cores)
Compulsões:
Lavar várias vezes as mãos e/ou dentes;
tomar banho repetidamente;
verificações compulsivas;
arrumação de brinquedos frequente;
escrever a mesma letra ou palavra constantemente, condicionando o término das tarefas escolares;
armazenar e guardar coisas inúteis ou economizar;
colecionar;
contagem de algo (ex. contar as lâminas de uma persiana várias vezes).
Contudo, tem sido desenvolvidas e estudadas diversas abordagens a para lidar com a situação, adequando-as à etapa de desenvolvimento de cada indivíduo.

A criança com POC, geralmente apresenta um conjunto de características como ansiedade e preocupação excessiva, são ordenadas e rígidas ao nível do pensamento, perfeccionistas, meticulosas, cumpridoras e responsáveis. Estas crianças revelam muitas vezes, baixa auto-estima, dúvida constante, teimosia, indecisão, medo de errar que dificulta a sua capacidade de autonomia e tomada de decisão. Em alguns casos pode verificar-se a somatização que se revela através de sintomas como dores de cabeça, dores de barriga, náuseas associados a ansiedade vivenciada.
A influência biológica/genética revela-se bastante importante na expressão da POC, vários estudos revelam que familiares de primeiro grau de indivíduos com a perturbação apresentam uma maior probabilidade de desenvolver a doença.
Existem ainda fatores temperamentais que podem influenciar o desenvolvimento da patologia como: tendência para uma personalidade marcada por traços de afetividade negativa, controlo, perfeccionismo e inibição comportamental.
Neste sentido, iremos considerar algumas das estratégias mais eficazes no que respeita à POC na criança, de modo a reduzir a intensidade e frequência de sintomas e a melhorar consequentemente o seu bem-estar e o dos que a rodeiam.
Estabelecer rotinas diárias e consistentes oferece previsibilidade e estrutura, reduzindo a ansiedade e a necessidade de comportamentos compulsivos e dos pensamentos obsessivos.
A brincadeira, por outro lado, pode ser vista como uma ferramenta poderosa para o desenvolvimento emocional e social. Atividades lúdicas podem proporcionar um ambiente seguro onde as crianças podem explorar e expressar as suas ansiedades de forma não ameaçadora.
A combinação destas práticas cria um ambiente seguro e acolhedor que facilita a capacidade de gerir sintomas, promovendo o bem-estar geral.

Do ponto de vista da intervenção psicoterapêutica, são evidenciadas diversas abordagens. Contudo, a ludoterapia, no seguimento do que foi referido anteriormente, tem revelado resultados significativos. Pela capacidade desta técnica de se adaptar às características cognitivas da criança, pela possibilidade de criar um ambiente seguro e acolhedor que permite à criança explorar os seus sentimentos e pensamentos com recurso a jogos e atividades terapêuticas. De um modo geral, a ludoterapia permite à criança a aquisição de estratégias para enfrentar a sua realidade de um modo lúdico e eficaz.
Durante o período da adolescência os sintomas e estratégias são muito semelhantes aos evidenciados para as restantes faixas etárias. Dependendo das estratégias selecionadas considerando as características da criança, nomeadamente a sua idade e maturidade/desenvolvimento físico e psicológico.
A grande maioria dos diagnósticos de POC, são atribuídos durante a idade adulta tendo um caráter e apresentação semelhante ao que se observa na infância e adolescência, contudo a intensidade com que se manifesta, o impacto na vida do sujeito e a intervenção selecionada diferem.
Além das obsessões e compulsões presentes, é ainda possível identificar um conjunto de sintomas, nomeadamente: Ansiedade intensa, Sentimento de medo e insegurança, Sentimentos de culpa, Sentimento de tensão, Tremores, Aumento da frequência cardíaca, Suores frios, Estado de alerta e vigia constante.

Considerando o impacto que a perturbação tem na vida do indivíduo é essencial que este mobilize os recursos e estratégias necessárias para a redução da sintomatologia apresentada e uma melhoria na qualidade de vida geral.
Frequentemente, pessoas com POC apresentam crenças disfuncionais, marcadas por um sentido de responsabilidade exagerada e uma tendência para sobrestimar a ameaça. Revelam traços marcados de perfecionismo, necessidade de controlo e uma grande intolerância à incerteza ou dúvida. Pessoas que sofrem e POC tendem também a dar uma importância excessiva aos pensamentos que surgem.
A POC é uma condição clínica egodistónica, isto é, entra em conflito com o autoconceito da pessoa e o seu sistema de crenças e valores. O sujeito tem a capacidade de reconhecer que o conteúdo das obsessões e as compulsões que realiza é bizarro, desagradável e sem sentido, no entanto, experiencia dificuldade no controlo dos mesmos, o que potencia estados de grande ansiedade e sofrimento emocional.
Estas particularidades potenciam o desenvolvimento de comorbilidades, isto é, o desenvolvimento de outras perturbações psicológicas adicionais e em simultâneo, sendo as mais comuns as perturbações depressivas e de ansiedade.

O tratamento farmacológico acompanhado de psicoterapia, surge como um dos mais indicados para o tratamento desta perturbação. No entanto, os investigadores sugerem algumas estratégias às quais o individuo deve aceder, sendo elas:
Tenha hábitos saudáveis;
Crie uma rotina de sono;
Estabeleça os seus objetivos (podem dizer respeito à perturbação) e crie a sua própria motivação e recompensa;
Adote técnicas de relaxamento - meditação, yoga, visualização, respiração etc;
Tenha um diário onde aponta os sentimentos e pensamentos obsessivos;
Monitorize os seus sintomas;
Permita-se compreender as suas crenças sobre os pensamentos intrusivos;
Identifique os seus gatilhos;
Liberte-se da culpa e da vergonha;
Aprenda a gerir o Stress, é considerado a principal causa das obsessões e compulsões.
Estamos aqui, na PSIKIKA, para o ajudar.
91 425 07 10
Um até já PSIKIKO,
BB.




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