A Terapia Assistida por Animais (TAA) é uma prática terapêutica que recorre ao animal como meio de trabalho e de tratamento, sendo este crucial. Este é realizado por profissionais nas mais diversas áreas de saúde, podendo ser aplicado em grupo ou individualmente, em diferentes contextos e com população de idades e diagnósticos distintas, destacando as perturbações emocionais, do desenvolvimento, comportamentais e degenerativas.
Este método conta com procedimentos individualizados claros e definidos, assim como uma planificação com metas estabelecidas, no entanto, não se constitui enquanto substituto de outras terapias, sendo apenas uma alternativa complementar para obter melhorias no paciente. Esta prática tem como objetivo a promoção do bem-estar ao desenvolver e melhorar o funcionamento físico, social, cognitivo e emocional do sujeito, isto é, promover a autoestima e autoconfiança, trabalhar a motricidade fina e grossa e a motivação, concentração, atenção e socialização, entre outras.
A relação entre o Homem e o animal pode trazer muitos benefícios, direta ou indiretamente, não só ao nível do lazer e companhia, como da saúde, educação, auxílio em terapias, entre outros. Estes benefícios têm-se verificado em diversos contextos e faixas etárias, nomeadamente quando se tratam de intervenções em contexto hospitalar e educacional.
Os animais começaram a ser utilizados em contexto terapêutico, no século XIX, período em que os médicos compreenderam que, após o contacto com animais, os pacientes com deficiência mental demonstravam melhoramentos ao nível da socialização. Em 1860, em Londres, surgiu primeira clínica a recorrer ao uso de animais, no entanto, apenas em 1942 é que foram reconhecidos os benefícios desta terapia em pessoas com problemas físicos e mentais.
De entre os animais que podem ser usados nestas terapias, destacam-se o cavalo e o cão, dado que promovem o estabelecimento de um vínculo especial e a melhoria na saúde física, social e mental e sua presença auxilia a relação e comunicação entre os pacientes e o terapeuta. O recurso aos cães advém do treino que têm para serem cães de assistência e cães de alerta, conseguindo auxiliar pessoas com deficiência física, identificar sentimentos e reações de pessoas portadoras de doenças. Já cavalo é um facilitador na hipoterapia, dado os movimentos permitirem a integração do corpo e da mente, exigindo ao paciente que se consiga adaptar e equilibrar.
A título de exemplo, nos casos de indivíduos com perturbações do espetro do autismo, estes animais promovem a autonomia, sensibilidade e capacidade de comunicação, ainda que muitos dos pacientes tenham aversão ao toque e não falem.
Para que um animal seja utilizado nas TAA, é necessário que seja credenciado e cumpra critérios previamente estabelecidos, tais como: ser um animal calmo e capaz de obedecer, não ter histórico de violência ou agressões, não ter sido treinado como animal de guarda; ter controlo dos esfíncteres e ser saudável; ter idade mínima de um ano e não ser animal exótico.
Na cinoterapia recorre-se ao cão enquanto instrumento de estimulação dos órgãos sensoriais, do sistema límbico e do sentido cinestésico do sujeito, contando com auxílio do terapeuta para a manipulação do animal e inserção do individuo em percursos que promovam a reeducação motora do esquema corporal e cognitivo. A presença do cão gera uma ideia de companhia e de que o sujeito tem um amigo com quem interagir.
Já a hipoterapia trata-se de um método educacional de habilitação e reabilitação humana, que recorre ao cavalo enquanto eixo principal de uma abordagem terapêutica que engloba a saúde, educação e equitação, promovendo melhorias na independência, autoestima e socialização. Esta utiliza técnicas de equitação com o objetivo final de reabilitar e reeducar não só a parte mental como motora, dando origem a melhorias, como o relaxamento muscular e a estimulação do equilíbrio, autoconfiança, lateralidade, atenção, autoestima, consciência postural, comunicação social, verbalização, fobias, entre outros. A reeducação e reabilitação motora torna-se possível dado o movimento tridimensional que o passo do cavalo que implica novas combinações motoras, isto é, os movimentos para os lados, para a frente e para trás e para cima e para baixo.
Os programas de Hipoterapia atuais dirigem-se a problemáticas específicas como deficiências físicas ou problemas de desenvolvimento podendo, no entanto, ser orientados para deficiências ortopédicas, auditivas e visuais, autismo, paralisia cerebral, Trissomia 21, Esclerose Múltipla, entre outros, uma vez que engloba a esfera emocional e social, a organização do esquema corporal e orientação espacial e promove o equilíbrio e a adaptação ao meio. Esta terapia facilita, ainda, a aprendizagem dada a necessidade de concentração, disciplina e responsabilidade, que ultrapassam as barreiras e limitações mentais e corporais. Ao montar um cavalo, os indivíduos deparam-se com um sentimento de força e liberdade, que os auxilia a ultrapassar os medos e fraquezas.
Saudações Psikikas.
C.T.
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