Recentemente assistimos a uma preocupação crescente com o bem estar psicológico e emocional nas crianças e jovens, a par com uma tentativa de romper padrões que se consideram desadaptados incutidos pelos progenitores, com o intuito de não perpetuar traumas e modelos disruptivos. Contudo na mesma medida em que se observa um aumento da compreensão do impacto dos acontecimentos que ocorrem na infância no desenvolvimento da personalidade do sujeito, observamos também uma dificuldade crescente em saber como agir e que medidas tomar de modo a que a criança seja respeitada e compreenda a importância dos limites. É neste ponto que reside a grande preocupação dos pais que procuram aconselhamento.
Seria importante compreender primeiramente que crianças e jovens precisam de limites. Os seus cérebros não estão ainda suficientemente desenvolvidos para que possamos dizer que tem plena capacidade de tomada de decisão e uma noção clara do certo e errado bem como das consequências que daí podem advir, é para isso que servem os adultos. Para modelar os comportamentos, definir limites claros e consistentes, transmitir valores, afinal de contas deveriam ser os adultos a conseguir gerir as situações de modo adaptado, utilizando a totalidade do cérebro, a parte mais evoluída e conseguir resistir aos impulsos, à reação primária e ser o ser consciente da díade.
Contudo, os adultos que hoje se preocupam com o desenvolvimento saudável dos filhos, nem sempre tiverem esse modelo na sua educação. Uma das maiores dificuldades relatadas é a dificuldade de regulação emocional, a do próprio e a da criança. Alguns dos pais que procuram aconselhamento, investigam sobre o tema e compreendem as limitações ao nível da literacia e inteligência emocional com que se deparam.
Como podem eles, sem as bases conseguir transmitir esses princípios para a geração vindoura?
O trabalho pessoal através da psicoterapia, o investimento no autoconhecimento através dos livros, grupos de pais... é um caminho imprescindível para uma parentalidade consciente: O grande desafio dos nossos dias.
Em que medida se podem relacionar as dificuldades parentais vivenciadas com o desenvolvimento de problemas de externalização como é o caso da perturbação de conduta, agressividade e comportamento opositor desafiante? Os construtos estão relacionados na medida em que, as crianças aprendem pela observação. A grande maioria reproduz o que observa. Havendo uma dificuldade parental na imposição de limites, muito decorrente de uma “positividade toxica”, a criança sente-se perdida e, como a sua natureza é a de descoberta e de testar esses mesmos limites, vai evoluindo e apurando as suas capacidades.
Nos últimos anos temos assistido a um aument o da prevalência do diagnóstico de Perturbação de Oposição e Desafio que segundo o DSM-5 se caracteriza por um padrão de humor irritável, raiva, comportamento argumentativo, desafiante e de vigança.
São diversas as causas apontadas para o aumento da atribuição desta perturbação, desde a predisposição biológica, o aumento exponencial da exposição a ecrãs em idades cada vez mais precoces, características individuais e de personalidade, enquadramento social e familiar, estilos parentais exercidos, etc. A realidade é que afeta cada vez mais crianças e jovens e impacta o seu funcionamento cognitivo, social, emocional. São vários os relatos de crianças que apresentam comportamentos muito desafiantes, têm dificuldades ao nível do sono, problemas ao nível da atenção e da aprendizagem, decorrentes do perfil exibido.
A questão principal que surge é, como é que ajudamos estas crianças? Primeramente é importante compreender que cada criança responde de forma diferente e que, o que ativa fisica e emocionalmente uma pode não ter qualquer influencia noutra com o meu perfil comportamental. Perceber os seus padrões de desregulação é essencial. A maioria das intervenções, passam por programas de intervenção parental, cujos objetivos passam pela compreensão do funcionamento do cérebro da criança e das suas diversas formas de ativação.
Alguns dos exemplos de programas implementados como o programa anos incríveis, Noncompliant Child Training, Parent-child Interaction Therapy, Defiant Teens Intervention, Collaborative Problem Solving, revelaram resultados significativos na intervenção quer com pais, quer com as crianças ou jovens com a perturbação, sendo observada uma diminuição significativa dos comportamentos disruptivos e desadequados.
Estamos aqui, na PSIKIKA, para o ajudar.
91 425 07 10
Um até já PSIKIKO,
BB.
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