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Parentalidade e Regulação Emocional

Nas últimas décadas o interesse no estudo do impacto da parentalidade, operacionalizada como os comportamentos e práticas parentais, na regulação emocional da criança/adolescente tem vindo a aumentar, sendo possível verificar um diverso número de investigações.



Neste sentido, definem a regulação emocional como uma capacidade que o sujeito adquire ao longo do seu desenvolvimento, essencial para o estabelecimento e manutenção de relações saudáveis com pares e familiares, para o sucesso acadêmico e para a saúde mental. Segundo os autores, a regulação emocional “é um processo que permite modular a ocorrência, duração e intensidade de estados internos de sentimentos e processos fisiológicos associados à emoção “. A regulação emocional contém componentes internas - como os processos neurobiológicos e cognitivos que permite à criança ou adolescente regular as suas emoções; componentes externas – recurso a que a criança ou adolescente acede como forma de regular as suas emoções, como é o caso das figuras parentais, por não deter ainda as capacidades neurobiológicas e cognitivas suficientemente desenvolvidas.


Assim, o clima emocional vivenciado a nível familiar, afeta as relações estabelecidas (familiares e cuidador-criança), o tipo de vinculação, o tipo de parentalidade e a expressão emocional, tendo sido indicado por diversos autores que o estabelecimento de uma relação de vinculação segura com o cuidador, pautada por experiências de proximidade, afeto e suporte emocional, associado a um estilo parental autoritativo onde regras e limites são bem estabelecidos, são fatores associados a uma melhor capacidade de regulação emocional.


Por outro lado, referem que as crianças e jovens tendem a experienciar maiores dificuldades de regulação emocional quando os cuidadores são demasiado severos, controladores ou permissivos. Ainda neste sentido, salientam que práticas parentais mais severas, como o recurso ao controlo psicológico comprometem a autonomia da criança, estando ainda associado ao surgimento de problemas de internalização ou externalização.


Alguns autores referem-se ao cérebro da criança como uma casa em construção como forma de facilitar a compreensão do desenvolvimento e maturação neurológica, referem a base primitiva associada a reatividade emocional demarcada pela impulsividade, bem como a importância do adulto como regulador e como meio de obter ferramentas que ajudam a criança a desenvolver as capacidades necessárias e responder de forma mais adequada ás solicitações do meio em que se insere. Salientam a importância da consistência ao nível das respostas fornecidas e no estabelecimento de limites como fundamentais para a compreensão do contexto e situação que despoleta determinada reação emocional e comportamental, assim como a aquisição de capacidades que irão permitir o desenvolvimento de respostas mais evoluídas.


Os mesmo autores reforçam ainda que, até aos 25 anos diversas estruturas do cérebro estão ainda em desenvolvimento, sobretudo as que se encontram relacionadas com a intencionalidade, tomada de decisão e compreensão de consequências naturais, devendo ter-se em conta estas informações na forma como lidamos com as crianças e até mesmo com os adolescentes. Reforçam a necessidade de compreender que, mesmo quando a criança/ jovem exibe alguma maturidade é possível que se verifiquem situações em que o mesmo não se acontece, ressalvando a importância da compreensão e suporte do adulto nestes momentos.



Nesse sentido, outros estudos evidenciam a ativação neurológica de diferentes estruturas do cérebro, mediante as experiências de feedback fornecido pelos pais (positivo ou negativo), estando intrinsecamente relacionado com a capacidade de regulação emocional exibida pela criança e que, mesmo durante o período referente à adolescência e idade adulta, o sujeito recorre à figura do cuidador como forma de se regular.


Deste modo, considerando a investigação e as descobertas decorrentes ao longo do tempo, foram desenvolvidos programas de intervenção parental com base nos pressupostos de parentalidade consciente com diferentes objetivos, nomeadamente a regulação emocional. Alguns dos exemplos fornecidos na literatura referem o recurso a estratégias que permitam o desenvolvimento da regulação emocional através de programas como “os anos incríveis”, com foco na afetividade, responsividade e o estabelecimento de limites como forma de potenciar o clima emocional familiar, construir relações familiares saudáveis bem como relação cuidador-criança/jovem, com a finalidade última de optimizar a capacidade de regulação emocional e consequentemente comportamental.


Um até já, Psikiko.

BB.


 


Referencias Bibliográficas:

  • Morris, A. S., Criss, M. M., Silk, J. S., & Houltberg, B. J. (2017). The impact of parenting on emotion regulation during childhood and adolescence. Child development perspectives, 11(4), 233-238.

  • Siegel, D. J. & Bryson, T. P. (2015) Disciplina Sem Dramas. Editora Lua de Papel, Alfragide.

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