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A Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção (PHDA) e a Performance Escolar - Que desafios?

Foto do escritor: PsikikaPsikika

Nos últimos tempos, tem-se vindo a observar um aumento da prevalência da PHDA em idade escolar.



A Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção está englobada nas perturbações do desenvolvimento, com base neurológica, que se caracteriza pela exibição de sintomas de desatenção, hiperatividade e impulsividade.




Pode apresentar-se de três formas:

  • Perturbação de Défice de Atenção, em que são exibidos sintomas de desatenção, não estando presentes sintomas de hiperatividade ou impulsividade;

  • Perturbação de Hiperatividade ou Impulsividade, cuja presença desses sintomas é evidente, contudo não são apresentados sinais de desatenção;

  • Apresentação Combinada de PHDA em que se verifica a presença de todos os sintomas referidos.


Segundo os critérios de diagnóstico, esta perturbação pode ainda assumir diferentes graus de gravidade, podendo a mesma ser considerada ligeira, moderada ou severa. A compreensão do grau de severidade da perturbação é obtido mediante a aplicação de testes psicológicos adequados para o efeito. Devendo o diagnóstico ser compreensivo e diferencial de modo a compreender a inexistência de outra causa explicativa da perturbação.


Considerando que se trata de uma perturbação do desenvolvimento, esta tende a manifestar-se em idades precoces, contudo o diagnóstico apenas é atribuido em idade escolar, havendo a necessidade de ocorrência em mais do que um contexto de vida do sujeito.


Tendo em conta a sintomatologia apresentada, diversos autores procuraram compreender o impacto desta na competência e performance escolar exibida pela criança, sendo possível compreender a nível neurológico, com recurso a exames realizados, uma diminuição do tamanho do cortéx pré-frontal, deste modo, as funções executivas associadas ao seu funcionamento revelam défices, nomeadamente no controlo inibitório e na memória de trabalho. Assim, será de esperar que crianças com este diagnóstico, apresentem dificuldades a nível escolar, nomeadamente nas capacidades de memória e aprendizagem.


Os autores referem que se trata de uma perturbação que acompanha o sujeito ao longo da sua vida, evidenciando os primeiros sinais em idade precoce (antes da entrada na escola), mantendo-se até a idade adulta, momento em que a sua exibição ainda que presente, assume outras dificuldades e até sintomas.


Os primeiros sinais visíveis em idade pré-escolar, consistem na dificuldade no controlo de impulsos, capacidade de atenção (seletiva e sustentada) e hiperatividade, impedindo a criança de adquirir competências imprescindíveis, como é o caso da interação com os pares, figuras de autoridade, foco nos professores, aprendizagem de alfabetização, matemática e linguagem. Adicionalmente, a investigação revela que estas crianças experienciam ainda problemas ao nível da memória, raciocínio, competências académicas e de capacidades cognitivas gerais.


No que se refere à idade escolar, crianças com PHDA, revelam diversos problemas a nível académico e educacional. É observável um maior recurso a medidas académicas corretivas, colocação em turmas de educação especial, sendo ainda observável a exibição de comportamentos que podem levar a suspensão ou expulsão.


Outros estudos salientam que estas crianças tendem a demonstrar menor sucesso escolar, rendimento académico mais baixo, bem como capacidades de leitura e matemática, evidenciando ainda uma maior probabilidade de reprovação escolar.

Considerando as dificuldades vivenciadas, deve ter-se em conta que apesar da causa neurológica presente na perturbação, a mesma é impactada pelo contexto em que a criança se insere, estando por isso as variáveis escolar e do ambiente familiar presentes na consideração das dificuldades exibidas e nos recursos disponíveis para potenciar o seu desenvolvimento.


Neste sentido, o acompanhamento psicológico é recomendado a crianças com PHDA, com foco sobretudo no treino de funções neuropsicológicas como é o caso da memória e funções executivas. Adicionalmente, é aconselhada a manutenção de uma relação de proximidade, quer com os pais, quer com a escola de modo a adequar os recursos disponíveis às necessidades da criança, bem como facultar ferramentas e recursos indispensáveis ao professores e cuidadores de modo a que possam gerir melhor o relacionamento com criança e potenciar o seu desenvolvimento, aprendizagem e bem-estar psicológico e emocional.


Um até já, Psikiko.

BB.


 


Bibliografia:

  • American Psychological Association. Diagnostic and statistical manual of mental disorders (DSM-5). Philadelphia: American Psychiatric Publishers 2013.

  • Daley, D., & Birchwood, J. (2010). ADHD and academic performance: why does ADHD impact on academic performance and what can be done to support ADHD children in the classroom?. Child: care, health and development, 36(4), 455-464.

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