top of page

A Importância de Brincar

Foto do escritor: PsikikaPsikika

Durante o período da infância, ouvimos muitas vezes o termo brincar como uma importante forma de expressão do sujeito e sobretudo como uma ferramenta que permite adquirir novas aprendizagens. Considerando esta perspetiva seria essencial clarificar o que é o brincar, a sua importância e as contribuições para o desenvolvimento, bem como as diferentes perspetivas da brincadeira e a perspetiva terapêutica do ato de brincar.

Assim, segundo os investigadores brincar é definido como “uma atividade espontânea ou organizada que proporciona diversão ou entretenimento e que é prazeroso para a criança. É considerada uma atitude ou modo de experienciar o mundo que a rodeia que envolve motivação intrínseca, com foco no processo que envolve o ato de brincar que se baseia  no “faz de conta”. Geralmente ocorre em ambientes considerados seguros pela criança, onde ocorrem trocas sociais “.


Brincar, pode ser considerada uma atividade terapêutica por si, que promove a individualidade, desenvolvimento de competências e de mestria, raciocínio cognitivo e expressão individual que permitem a criança participar em experiências pessoais significativas. A proximidade com os objetos permite a sua exploração e consequentemente a transposição das aprendizagens para os outros contextos de vida, sendo referido pelos autores que a exploração mais limitada tanto de objetos como do ambiente que rodeia a criança estava relacionada com uma menor capacidade de resolução de problemas, contudo relação entre as duas variáveis é mediada por diversas variáveis individuais e situacionais como a idade e as características da criança.



Adicionalmente diversos autores salientam a importância de brincar como facilitador do processo de transição do concreto para o abstrato, assim reforçam que as representações simbólicas produzidas durante a brincadeira reforçam o processo desenvolvimental pelo qual a criança adquire a capacidade de pensamento abstrato.


Estando o brincar envolvido em diversos processos de aprendizagem, também a aquisição da linguagem é influenciada por esta atividade. Deste modo os autores referem que brincar é considerada uma forma de linguagem,  dado que incorpora a representação simbólica, assumindo-se assim como uma ferramenta que permite o desenvolvimento da compreensão e produção de aspetos da linguagem.


Segundo alguns autores a brincadeira social está geralmente associada a crianças mais saudáveis enquanto que a brincadeira solitária, embora também comum, estaria mais associada a timidez. No entanto o brincar sozinho é considerado um construto complexo e multifacetado e deve ser interpretado dessa forma.


A literatura aponta, a “brincadeira não social remete para um conjunto de atividades e comportamentos solitários desenvolvidos na presença de potenciais parceiros de brincadeira”. É ainda salientada a importância que as relações com os pares e das interações sociais para o desenvolvimento social emocional e cognitivo da criança.


A brincadeira solitária pode apresentar diferentes subtipos:

  • comportamento reticente em que a criança se encontra perto do grupo, manifesta desejo de brincar mas não consegue aproximar-se por vergonha preferindo observar;

  • solitário ativo que por sua vez pode ser de dois tipos funcional- em que se executam ações sensoriomotoras com ou sem objeto pelas sensações físicas que criam, solitário dramático - em que há uma tentativa de participar ”faz de conta” enquanto se brinca sozinho como forma de despertar a atenção do outro; solitário passivo - pode ser do tipo construtiva que envolve a manipulação do objeto de modo a criar algo, ou do tipo exploratória em que esta manipulação de objeto é feita com vista a adquirir nova informação.


Assim, brincar sozinho pode ser importante a nível desenvolvimental para a criança, no entanto o isolamento e solidão excessiva pode ser considerada desadaptativa.


Do ponto de vista psicoterapêutico também, o brincar se assume como extremamente importante sendo possível observar abordagens terapêuticas com recurso a esta atividade como é o caso da ludoterapia. Esta abordagem teve o seu surgimento no final do século XX, podendo esta ser diretiva- em que o terapeuta assume a responsabilidade de interpretar e guiar o brincar da criança; não diretiva – a responsabilidade é atribuída à criança que guia e dirige a sessão.


A Ludoterapia rege-se por oito princípios básicos que devem ser seguidos de forma consistente, sincera e genuína, sendo eles: o desenvolvimento de uma relação amigável e tranquila com a criança, estabelecendo uma comunicação positiva o mais cedo possível; Aceitar a criança exatamente como ela é; Estabelecer uma relação de aceitação com a criança, para que esta possa expressar-se livremente; Reconhecer os sentimentos da criança refletindo-os de uma forma compreensível; Respeitar a capacidade da criança de resolver os seus próprios problemas, dando-lhe essa oportunidade sendo a responsabilidade da escolha e da mudança da criança; Não dirigir as ações ou conversas da criança, a qual deve indicar o caminho e o terapeuta deve segui-la; Não apressar a terapia pois é um processo gradual que o terapeuta compreende e aceita; Estabelecer apenas os limites necessários para manter a realidade e para que a criança tenha consciência da sua responsabilidade.



Estamos aqui, na PSIKIKA, para o ajudar.

91 425 07 10



 

Um até já PSIKIKO,

BB.


 

Referências Bibliográficas

Alvarez, A., & Phillips, A. (1998). The importance of play: A child psychotherapist's view. Child psychology and Psychiatry review3(3), 99-103.

Barnett, L. A. (1990). Developmental benefits of play for children. Journal of leisure Research22(2), 138-153.

Coplan, R. J., & Ooi, L. (2013). The causes and consequences of “playing alone” in childhood. The handbook of solitude: Psychological perspectives on social isolation, social withdrawal, and being alone, 109-128.

Coplan et al., (1994). Being alone, playing alone and acting alone: Distinguishing among reticence, and passive- and active-solitude in young children. Child Development 65, 129-137.

 

 

 

Comentarios


bottom of page